6 de mar. de 2013

A reinvenção do profissional


Há algum tempo uma rotina tem feito parte do meu cotidiano: entrevistar grandes líderes do mundo corporativo. Chamar isso de rotina é um insulto, afinal, a cada entrevista, conceitos incríveis são apresentados por estes empreendedores que destacam-se em suas áreas de atuação.
Mas o que torna esses empreendedores profissionais diferenciados?
A sua capacidade de entrar em ação? O seu foco e disciplina? A sua perseverança em buscar novos resultados? Ou simplesmente a ousadia de sonhar e acreditar?
A maioria das pessoas que procuram o nosso instituto para desenvolver-se pelo processo de coaching, inicialmente apresentam algumas necessidades:
  • Encontrar um propósito de vida que valha a pena;
  • Decidir acertadamente o seu futuro profissional;
  • Tirar as suas ideias do papel e fazer acontecer;
  • Ter foco e disciplina para concretizar os seus projetos;
  • Encontrar respostas que facilitem a tomada de decisão.
Veja que interessante. As necessidades apresentadas pela maioria das pessoas, naturalmente foram ultrapassadas pelos empreendedores. Um empreendedor sabe exatamente o que quer e tem uma capacidade incrível para fazer acontecer.
Esses comportamentos intrínsecos dos empreendedores são sinais fantásticos de uma competência desejada para qualquer ser humano: são líderes de si mesmos e assumiram, de fato, a responsabilidade por sua vida e carreira.
Um profissional empreendedor encontra dentro de si os verdadeiros motivos para fazer acontecer!
No estudo nacional que conduzi sobre as competências do profissional do futuro, que originou o livro “A Reinvenção do Profissional – Tendências Comportamentais do Profissional do Futuro” (3ª edição - Editora Novo Século), um dado mostra uma forte tendência sobre os desafios dos profissionais para os novos tempos: 97% dos entrevistados (grandes líderes, empresários, especialistas de mercado e jovens empresários de 15 estados brasileiros) citaram diversas competências relacionadas ao empreendedorismo como uma capacidade decisiva para que o profissional possa prosperar no mundo corporativo do futuro. Capacidade que eu denominei como Inteligência Empreendedora.
O conceito de empreendedorismo deve ser desmistificado, pois empreender não é sinônimo de abrir uma empresa, conceito equivocadamente divulgado durante tanto tempo. Empreender deve ser encarado como uma competência, um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que nos proporcionam grandes resultados em qualquer área da vida. Visto desta forma, empreender é sinônimo de foco, disciplina, paixão pelo que se faz e principalmente, visão de longo prazo, enxergar oportunidades onde ninguém mais enxerga.
Empreendedorismo é uma revolução interna que desencadeia comportamentos produtivos e como consequência, resultados extraordinários. Um profissional, independente da área em que atua, pode e deve ser um profissional empreendedor.
Portanto, se eu pudesse resumir em uma única frase o conceito da reinvenção do profissional, eu diria: Assumir a responsabilidade por sua vida e carreira. A partir disso, todo o restante se faz presente. Antes disso, teremos muito espaço para desculpas e motivos aparentemente reais para não alcançarmos a tão desejada realização profissional.
Alexandre Prates é especialista em liderança, desenvolvimento humano e performance organizacional. É também Master Coach, palestrante e autor do livro "A Reinvenção do Profissional - Tendências Comportamentais do Profissional do Futuro" e da metodologia de coaching "Inteligência Potencial". www.institutoca.com.br
Fonte: http://www.administradores.com.br

5 de mar. de 2013

Complexo de Édipo


Complexo de Édipo

Alguns conceitos em psicologia são particulares de algumas abordagens psicológicas e o complexo de Édipo é um conceito fundamental para a psicanálise, entendido, inclusive, como sendo universal e, portanto, característico de todos os seres humanos. O complexo de Édipo caracteriza-se por sentimentos contraditórios de amor e hostilidade. Metaforicamente, este conceito é visto como amor à mãe e ódio ao pai, mas esta idéia permanece, apenas, porque o mundo infantil resume-se a estas figuras parentais ou aos representantes delas. 
A idéia central do conceito de complexo de Édipo inicia-se na ilusão de que o bebê tem de possuir proteção e amor total, o que é reforçado pelos cuidados intensivos que o recém nascido recebe por sua condição frágil. Esta proteção é relacionada, de maneira mais significativa, à figura materna. Mais ou menos aos três anos, a criança começa a entrar em contato com algumas situações em que sofre interdições. Estas interdições são facilmente exemplificadas pelas proibições que começam a acontecer nesta idade. A criança não pode mais fazer certas coisas porque já está “grandinha”, não pode mais passar a noite inteira na cama dos pais, andar pelado pela casa ou na praia, é incentivada a sentar de forma correta e controlar o esfíncter, além de outras cobranças. Neste momento, a criança começa a perceber que não é o centro do mundo e precisa renunciar ao mundo organizado em que se encontra e também à sua ilusão de proteção e amor total. O complexo de Édipo é muito importante porque caracteriza a diferenciação do sujeito em relação aos pais. A criança começa a perceber que os pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem se dedicar somente a ela porque possuem outros compromissos, como é o caso do trabalho, de amigos e de todas as outras atividades. 
A figura do pai representa a inserção da criança na cultura, é a ordem cultural. A criança também começa a perceber que o pai pertence à mãe e por isso dirige sentimentos hostis a ele. Estes sentimentos são contraditórios porque a criança também ama esta figura que hostiliza. A diferenciação do sujeito é permeada pela identificação da criança com um dos pais. Na identificação positiva, o menino identifica-se com o pai e a menina com a mãe. O menino tem o desejo de ser forte como o pai e ao mesmo tempo tem “ódio” pelo ciúme da mãe. A menina é hostil à mãe porque ela possui o pai e ao mesmo tempo quer se parecer com ela para competir e tem medo de perder o amor da mãe, que foi sempre tão acolhedora. Na identificação negativa, o medo de perder aquele a quem hostilizamos faz com que a identificação aconteça com a figura de sexo oposto e isto pode gerar comportamentos homossexuais. Nesta fase, a repressão ao ódio e à vontade de permanecer em “berço esplêndido” é muito forte e o sujeito desenvolve mecanismos mais racionais para sua inserção cultural. Com o aparecimento do complexo de Édipo, a criança sai do reinado dos impulsos, dos instintos e passa para um plano mais racional. A pessoa que não consegue fazer a passagem da ilusão de superproteção para a cultura, psicotiza.
Autoria: Paula Regina Guimarães
OS ARTIGOS PUBLICADOS AQUI, SERVEM MERAMENTE COMO FONTE DE PESQUISA. 
ENTÃO SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI, UTILIZE O QUE VOCÊ LEU COMO BASE PARA FORMULAR SUA PRÓPRIA CONCLUSÃO A RESPEITO DO ASSUNTO.

Heráclito e Parmênides

Parmênides e Heráclito, seus conceitos, suas diferenças, especialmente seus pensamentos mais significativos e populares. Tais como as constantes modificações de Heráclito e o ser perfeito de Parmênides

Heráclito procura explicar o mundo pelo desenvolvimento de uma natureza comum a todas as coisas e em eterno movimento. Ele afirma a estrutura contraditória e dinâmica do real. Para ele, tudo está em constante modificação. Daí sua frase "Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio", já que nem o rio nem quem nele se banha são os mesmos em dois momentos diferentes da existência. Parmênides, ao contrário, diz que o ser é unidade e imobilidade e que a mutação não passa de aparência. Para Parmênides, o ser é ainda completo, eterno e perfeito.
Heráclito e Parmênides: o surgimento da filosofia entre o ser e o vir-a-ser

Retrato de ParmênidesPARMÊNIDES

Conta-se que Parmênides certa vez disse a respeito de Heráclito: "Fora com os homens que nada sabem e parecem ter duas cabeças! Junto deles está tudo, também seu pensamento, em fluxo. Eles admiram as coisas perenemente mas precisam ser tão surdos quanto cegos para misturarem assim os contrários!".
De fato, enquanto um se baseava na lenta e dolorosa escalada da lógica pura, e outro muitas vezes parecia estar guiado pela intuição e até por um misticismo confuso, era natural que não apenas discordassem, mas que se desenvolvessem ânimos entre eles. No entanto, esse conflito nos é fundamental, pois teria sido o primeiro choque de idéias que ainda hoje encontra força e significado; afastando-se lentamente da Filosofia da Natureza e do misticismo de Pitágoras, Heraclito e Parmênides começam a desbravar um território que ainda hoje nos assombra - o estudo dos seres e dos não - seres. Ao questionar o que eles são, até que ponto eles são válidos e reais, ponto de divergência entre os dois, o que é, como ocorre e se ocorre o vir -a- ser (isto é, não ser então tornar-se) eles partem para um estudo mais aprofundado da realidade além de onde a ciência ou qualquer outra área do conhecimento com a exceção da filosofia alcançam.
Parmênides nasceu em Eléia na Itália, por volta de 530 a. c. Sua filosofia, dita Eleata, contrasta-se com a de Heráclito, dita Jônica, por seu tom cinza, frio e penetrante, mostrando um processo lógico de passos lentos, porém firmes; a filosofia de Parmênides pode ser dividida em duas fases, que servem inclusive para dividir o pensamento pré- socrático; em sua primeira fase, o pensamento de Parmênides é feito a partir de um sistema físico- filosófico; quando ele parte, no entanto, para a teoria do Ser, ele marca a divisão entre um pensamento anaximândrico e o pensamento parmenídico. Nos interessa, logicamente, apenas a segunda parte, onde se concentra o que há de inovador em sua filosofia;
O primeiro passo tomado por Parmênides é tentar ordenar a realidade; para isso, faz uso de duas classes; aquelas que são, e aquelas que não são- ao observar a luz e a escuridão, por exemplo, observou que a escuridão nada mais era que a negação as luz; como uma qualidade negativa; a partir daí partiu para outros pares de opostos, leve e pesado, sutil e denso, passivo e ativo, terra e fogo, frio e quente, etc. Parmênides relacionava uma das características à luz, ou positiva, e a sua oposta, à escuridão, ou negativa; depois que passou a denominá-las, simplesmente, "ser" (positiva) e não-ser (negativa) , e postula também, que "O Ser é, e o Não-Ser não é". Nessa seleção dos opostos, em vários momentos evidencia-se a disposição para um pensamento lógico livre de intuições sem fundamentos, uma característica que, aliás, marca Parmênides.
Parmênides estava, então, diante de um grande problema; ele precisava explicar como ocorre o movimento, ou o vir-a-ser (ou seja, a mudança; um não- ser que se torna ser, ou um ser que se torna não-ser). Foi então que Parmênides fez uma constatação sem precedente- ao decidir por seguir a lógica, somente a lógica, Parmênides descobriu que não sabia de nada com certeza- livre de certezas intuitivas, não fosse questionável, nada que fosse realmente claro e certo. Assim, Parmênides partiu em uma busca por um pensamento fundamental, algo que fosse evidente em si. Em Parmênides, esse pensamento se manifestou como o Princípio da Identidade - "o que é, é", ou seja, "n" é igual a "n", e somente igual a "n" - se "n" for igual a "a", então nada mais pode ser do que "n" (você não pode ser igual e diferente ao mesmo tempo). Isso parecia ser tão óbvio e tão evidente que parecia ilógico que não fosse verdade.
Aqui entram as complicações de Parmênides- diante do Ser e do Não-Ser, e da Identidade, ele não podia enxergar um caminho para que ocorresse o vir-a - ser O Ser é, e o Não- ser não é, pensava Parmênides: como pode-se dizer que "algo era", ou "algo será"? o ser não pode vir do não- ser, pois o não- ser, é o nada e nada pode surgir do nada; e se viesse do Ser, o que seria isso senão a criação de si mesmo? O perecimento- o deixar de ser- também sofre do mesmo problema. Nesse momento, Parmênides marcha para sua conclusão final- não há mudança, e, portanto, não há distinção entre seres e não- seres. O homem que criticara Heráclito por sua cegueira e surdez agora tinha como palavra de ordem a negação do que os "sentidos mentirosos" lhe mostravam- o Ser é Uno, um único grande Ser eterno que jamais se altera e a qual tudo, Seres e Não -Seres, são apenas ilusões de si mesmo.
É possível observar tocantes semelhantes de Parmênides e outros eleatas como Xenófanes com o Hinduísmo, e até mesmo com correntes de pensamentos que florescem em nosso tempo; e, embora várias críticas possam ser feitas a Parmênides, talvez a mais fundamental seja quanto a seu curso da lógica- hoje pensamos que a razão que deve se adequar à realidade, e não o contrário; assim, se a "lógica pura e bruta" diz que tudo é uma ilusão, então a falha deve estar na lógica, e não no mundo. Parmênides desenvolveu também um profundo estudo do infinito, juntamente com seu discípulo Zeno (ou Zenão de Eléia).

Retrato de Heráclito

HERÁCLITO

Parmênides cai no repouso universal; já um fragmento dos escritos de Heráclito diz: "Tudo flui e nada permanece; tudo se afasta e nada fica parado... Você não consegue se banhar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras sempre vão fluindo...É na mudança que as coisas acham repouso..."
De fato, enquanto Parmênides duvida do vir-a-ser, Heráclito faz deles um dos seus pontos de partida; dessa maneira, afirma que nada é permanente, que tudo está em constante mutação, incessantemente; nesse ponto enxerga-se um paralelo curioso com o pensamento oriental, embora as civilizações de onde surgiram conceitos tão semelhantes ainda não tivessem entrado em contato com umas com as outras; a respeito de sua vida, Heráclito nasceu em Efésios; conhecido por desprezar quase todos, senão todos, os pensadores e poetas da sua época, não teve mestre, dizendo na adolescência que "não sabia nada", e, na idade adulta, que "sabia tudo". Heráclito, em seu comportamento anti-social, resolveu se afastar da cidade e habitar os campos, se alimentando apenas de ervas, o que lhe trouxe hidropisia, que acabou lhe matando. Conta-se que teria retornado a Efésios e perguntado se seria possível curá-lo esvaziando seus intestinos; como diziam que não, dizem que deitou em praça pública e deu o comando que lhe cobrissem de esterco, para que o calor fizesse evaporar a água que tanto lhe atormentava; tendo então morrido por sob uma pilha de esterco, alguns dizem que teria sido sepultado na própria praça pública, enquanto outros dizem que ele teria sido devorado pelos cachorros que ali passavam.
Heráclito foi também conhecido por Skoteinós, que quer dizer "O Obscuro"- de fato, seus pensamentos muitas vezes parecem contraditórios e sem sentido, e apesar de seu amor declarado por Lógos (a lógica, a razão) ele não parece disposto a se utilizar tão exclusivamente dela, como Parmênides, mesmo que seus pensamentos a respeito da lógica tenham sido de fundamental importância para grandes pensadores como Aristóteles e Hegel. Heráclito declara que tudo está em mutação, mas apenas o que permanece é- e o que permanece, senão a própria mudança? Assim, ele denomina como Lógos essa lei universal da mudança- o modo com que as coisas mudam- e ainda: "Todos fazemos e dizemos segundo a participação do Lógos. Por isso devemos seguir apenas a este entendimento universal. Muitos, porém, vivem como se tivessem um entendimento próprio; o entendimento, porém, não é outra coisa que a interpretação (o tomar consciência, a exposição, a convicção) dos modos da ordenação do todo. Por isso, na medida em que tomamos no saber dele, estamos na verdade; mas, na medida em que temos coisas particulares (próprias) , estamos na ilusão"
Heráclito também parte da divisão do universo entre dois pólos, "Seres" e "Não-Seres", e, também, enxerga a unidade entre eles. No entanto, enquanto a unidade de Parmênides é idêntica e imutável, a de Heráclito é "tensionada entre dois pólos"; assim, mesmo que o Ser e o Não- Ser sejam parte e coabitem o mesmo, e, como diz em suas obscuras palavras, "O ser é tão pouco como o não- ser; o devir é e também não é", mesmo apesar de tudo isso, não quer dizer que você possa descartá-los como simples ilusão. Dessa maneira, enquanto os eleatas mergulham fundo em busca da essência verdadeira, daquilo que factualmente existe, Heráclito faz uso de uma representação, o que, não se pode negar, é um avanço considerável. A partir dessa nova visão dos pares de opostos Heráclito cria idéias interessantes a partir de pares como "o todo e a parte", "o que se une e o que se opõe"; dessa idéia de que os pólos sejam simples abstrações e habitem o mesmo, conclui que, em suas próprias palavras, "O Um, diferenciado de si mesmo, une-se consigo mesmo, como a harmonia do arco e da lira". Essa harmonia seria Lógos, a razão, que une os opostos em sons consoantes; como a composição grega é horizontal e não vertical, por harmonia entende-se a maneira como sons tocados em sequência equilibram-se entre si; daí a metáfora torna-se perfeita, como mudança.
Heráclito também teve uma participação marcante juntamente dos jônicos, voltando-se novamente aos modelos físico- filosóficos; e nesse ponto a partir de diferentes fontes encontra-se diferentes visões a respeito de qual seria a essência ontológica; essas aparentes contradições parecem ruir, pelo outro lado, quando se lembra que nada era permanente para Heráclito (senão Lógos, a mudança em si) , e que ele parece estar mais preocupado com determinar o ciclo de mudanças e a maneira como esta ocorre- e daí a indicação do tempo como uma das essências ontológicas. Mesmo assim, ele acende e se apaga.
De um lado, um mundo em repouso, onde tudo que se movimenta é ilusão, nascida da lógica; pelo outro lado, um mundo onde tudo é movimentado, onde as coisas nascem mas, nas palavras de Buda, "Você deveria saber que todas as coisas nesse mundo são efêmeras- unir-se significa inevitavelmente separar-se. Não se entristeça, pois tal é a natureza da vida", uma visão gerada pela razão, mas também por um recém-nascido método especulativo, baseado em como Lógos alcança a mente humana, e, no fundo, muitos traços se intuição e misticismo, condenáveis não ao pensador, mas ao ser humano por trás dele. E assim nascia a Filosofia.
Autoria: Samuel Pereira
Fonte:http://www.coladaweb.com/filosofia/heraclito-e-parmenides

28 de fev. de 2013

Conseqüências sociais da Revolução Industrial


Disciplina: Teoria Geral da administração I
Turma:  ADM 2013 FAMA


1.2.2.          Conseqüências sociais da Revolução Industrial


Os efeitos sociais da Revolução Industrial foram largamente transformadores. Em primeiro lugar, ela provocou uma desagregação do modo de vida das classes mais baixas, que foram submetidas a um modo de trabalho completamente estranho aos seus valores e tradições. Desde indivíduos que possuíam oficinas ou pequenas propriedades agrícolas a mendigos que peregrinavam nas cidades viam-se de repente operando máquinas assustadoras, sob supervisão cerrada de capatazes contratados, durante períodos diários fixos, recebendo ao final do mês uma pequena remuneração.
A resistência dos trabalhadores a um sistema tão diferente de tudo o que haviam conhecido foi, como seria de se esperar, muito grande. Muitos entregavam-se ao alcoolismo ou organizavam movimentos revoltosos. Em 1811 surgiu o movimento ludita, organizado por operários que se rebelavam contra o uso das máquinas, quebrando-as.
Para deter a resistência dos trabalhadores, os capitalistas forçaram a assimilação dos novos costumes: além da supervisão cerrada do trabalho, diversas leis foram promulgadas na época prevendo a punição dos trabalhadores que quebrassem seus contratos ou se mostrassem indisciplinados.
Um dos efeitos mais importantes da Revolução Industrial foi a concentração populacional nos centros urbanos. em 1851 a maior parte da população inglesa vivia em centros urbanos, e quase um terço de toda a população em cidades com mais de 50 mil habitantes. 10
O crescimento acelerado e desordenado transformou cidades como Manchester em amontoados de casas e armazéns, formando extensas fileiras de imóveis que deixavam pouco espaço para o convívio ou o trânsito de pedestres: até a metade do século XIX eram raras as praças públicas, calçadas e espaços abertos. Os sistemas de esgotos e fornecimento de água eram incapazes de acompanhar o crescimento ininterrupto da população; cólera e febre tifóide alastravam-se com facilidade entre os grupos mais pobres.
é possível observar a intensa transformação por que passavam as classes sociais no período. Continuava a existir uma oligarquia aristocrática constituída pelos remanescentes da nobreza feudal e por alguns excepcionalmente ricos; entretanto, a sociedade como um todo sofrera grandes alterações nas suas condições sociais. Havia surgido, de um lado, uma burguesia industrial, a classe de maior poder político, que conduziria o avanço econômico inglês; de outro, a classe mais pobre, um proletariado que vendia a estes capitalistas sua força de trabalho. Empresários envolvidos com o comércio e o sistema financeiro, por sua vez, ganharam importância com a Revolução Industrial, compondo parte das classes mais abastadas.
Ao mesmo tempo, a concentração da população nos centros urbanos criou uma classe média, composta por famílias donas de pequenos negócios e profissionais liberais, como médicos, advogados etc. A classe média constituir-se-ia num grupo de peso político considerável. No campo, a divisão fundamental era entre grandes proprietários de terra, na maior parte se utilizando de técnicas modernas de agricultura; e trabalhadores rurais, cujas condições de trabalho eram precárias.
O processo por que passou a Inglaterra se repetiu de forma semelhante em outros países europeus, como França e Alemanha, no século XIX.



lO. HOBSBAWM, Eric, op. cit., p. 80.


Fonte: Introdução ao estudo da administração
Professora: Aline

O surgimento do sistema fabril


Disciplina: Teoria Geral da administração I
Turma:  ADM 2013 FAMA


1.2.2.                        O surgimento do sistema fabril



O crescimento ainda mais acentuado da demanda veio a agravar os conflitos inerentes ao putting-out system. Os capitalistas viam-se obrigados a fornecer cada vez mais produtos ao mercado, mas eram incapazes de tornar os artesãos mais produtivos. Além de tudo, esbarravam num problema cultural: os artesãos possuíam um modo de vida e um sistema de valores incompatíveis com a lógica capitalista. Por muitas vezes os capitalistas tentaram aumentar a produtividade desses artesãos pagando-lhes mais por peça produzida. O resul­ tado era inverso: eles passavam a produzir menos,·pois preferiam dedicar-se ao lazer do que sacrificá-lo trabalhando. Para essas pessoas, bastava um nível de renda que lhes garantisse a sobrevivência.
Para resolver essa contradição, era preciso que o capitalista encontrasse formas de intervir mais diretamente no processo produtivo. Aos poucos, alguns capitalistas passavam a reunir vários trabalhadores sob o mesmo teto, para que realizassem as tarefas sob sua supervisão. Esse grupo de trabalhadores possuía as origens mais distintas: eram camponeses expulsos do campo, mendigos, soldados dispensados, desempregados em geral.9 As condições de trabalho eram ruins: a maior parte dos operários declarava que aceitaria trabalhar em
outra parte por um salário menor. Mulheres e crianças constituíam boa parte da mão-de-obra dessas  primeiras fábricas.
Mas não era apenas a organização do trabalho que constituía um obstáculo aos capitalistas: as técnicas tradicionais utilizadas pelos artesãos davam pouca margem a aumentos de produtividade. O processo de industrialização necessitaria também de uma revolução tecnológica, que o capital inglês tinha condições de financiar.
Dessa forma, em 1733 John Kay criava aflying shuttle (lançadeira volante), um instrumento que se adaptava aos teares manuais aumentando em várias vezes a capacidade de tecer de um trabalhador. Em 1765, James Hargreaves inventava a spinning jenny, possibilitando que um homem fiasse até oitenta fios simultaneamente. Em 1769 foi a vez de Richard Awkright criar a waterframe, uma máquina de fiar movida a água. Samuel Crompton combinou a water frame e a spinning jenny em uma máquina, a mule, em 1779. Em 1787, Edmond Cartwright criava o tear mecânico. Uma nova fonte de energia também foi desco­ berta: o vapor, que, embora já em 1698 tivesse sido utilizado por Thomas Savery, se tomou viável como fonte energética a partir da invenção da máquina a vapor por James Watt (desenvolvida entre as décadas de 1760 e 1780).
A combinação de uma organização que facilitava a supervisão dos trabalhadores com o desenvolvimento tecnológico criou um sistema que logo se alastraria por quase todos os setores produtivos da época: o sistema fabril. Na fábrica, a produção passou a ser realizada em instalações de propriedade do capitalista, que detinha também as máquinas necessárias para o trabalho. O trabalho mecanizado instituído pelo sistema era monótono e exigia regularidade: os horários tomavam-se fixos, ao mesmo tempo que o trabalho se tomava repetitivo. O ritmo de trabalho tomou-se também muito mais intenso, fazendo com que a dedicação ao lazer dos trabalhadores tivesse de ser reduzida drasticamente. Separavam-se no sistema fabril a concepção da execução do trabalho: os processos eram determinados pelo capitalista, e cabia ao trabalhador simplesmente executá-los.


6.                   MARGLIN, Stephen. "Origens e funções do parcelamento de tarefas", in RAE, 18 (4). Rio de Janeiro, out./dez. 1978, p. 13.
8. Note que o sistema oferecia ao capitalista vantagens que o sistema fabril eliminaria: o fraco vínculo estabelecido entre ele e o produtor possibilitava que os serviços do último fossem dispensados em períodos recessivos e recontratados em épocas de crescimento da demanda, dando grande flexibilidade ao empregador.

Fonte: Introdução ao estudo da administração
Professora: Aline