Disciplina: Teoria Geral da administração I
Turma: ADM 2013 FAMA
1.2.2.
O surgimento do sistema fabril
O crescimento ainda mais acentuado
da demanda só veio a agravar os conflitos inerentes ao putting-out system. Os capitalistas viam-se
obrigados a fornecer cada vez mais produtos ao mercado, mas eram incapazes de tornar os artesãos mais produtivos. Além de tudo, esbarravam num problema cultural: os artesãos possuíam um modo de vida e um sistema de valores incompatíveis
com a
lógica capitalista. Por muitas vezes os capitalistas tentaram aumentar a produtividade desses artesãos
pagando-lhes mais por peça produzida. O resul tado era inverso: eles passavam a produzir menos,·pois preferiam dedicar-se ao lazer do que sacrificá-lo trabalhando. Para essas pessoas,
bastava um nível de renda que lhes garantisse a sobrevivência.
Para resolver
essa contradição, era preciso que o capitalista encontrasse formas de intervir
mais diretamente no processo produtivo. Aos poucos, alguns capitalistas passavam
a reunir vários trabalhadores sob o mesmo teto, para que realizassem as tarefas
sob sua supervisão. Esse grupo de trabalhadores possuía as origens mais distintas: eram camponeses expulsos
do campo, mendigos, soldados dispensados, desempregados em geral.9 As condições de trabalho eram ruins: a maior parte dos operários declarava
que aceitaria trabalhar
em
outra parte por um salário menor. Mulheres e crianças constituíam
boa parte da mão-de-obra dessas primeiras fábricas.
Mas não era apenas a organização do trabalho que constituía um obstáculo aos capitalistas: as técnicas tradicionais utilizadas pelos artesãos
davam pouca margem a aumentos de produtividade. O processo de industrialização necessitaria também de uma revolução tecnológica, que o capital
inglês tinha condições de financiar.
Dessa forma,
em 1733 John Kay criava
aflying
shuttle (lançadeira volante), um instrumento que se adaptava
aos teares manuais
aumentando em várias vezes a capacidade de tecer de um trabalhador. Em 1765, James Hargreaves inventava a spinning jenny, possibilitando que um só homem fiasse até oitenta fios simultaneamente. Em 1769
foi a vez de Richard Awkright criar
a waterframe, uma máquina de fiar movida
a água. Samuel
Crompton combinou a water frame e a spinning jenny em uma só máquina,
a mule, em 1779. Em 1787, Edmond Cartwright criava o tear mecânico.
Uma nova fonte
de energia também
foi desco berta: o vapor,
que, embora já em 1698 tivesse
sido utilizado por
Thomas Savery, só se tomou viável
como fonte energética a partir
da invenção da máquina a vapor por James Watt (desenvolvida entre as décadas de 1760 e 1780).
A combinação de uma organização
que facilitava a supervisão dos trabalhadores com o desenvolvimento tecnológico criou
um sistema que logo se alastraria por quase todos os setores produtivos da época: o sistema fabril. Na fábrica, a produção passou
a ser realizada em instalações de propriedade do capitalista,
que detinha também
as máquinas necessárias para o trabalho.
O
trabalho
mecanizado instituído pelo sistema era monótono e exigia regularidade: os horários tomavam-se fixos, ao mesmo tempo que o trabalho
se tomava repetitivo. O ritmo de trabalho tomou-se
também muito mais intenso, fazendo com que a
dedicação ao lazer dos trabalhadores tivesse de ser reduzida drasticamente. Separavam-se no sistema fabril a concepção da execução do trabalho: os processos eram determinados pelo capitalista, e cabia ao trabalhador simplesmente executá-los.
6.
MARGLIN, Stephen. "Origens e funções do parcelamento de tarefas", in RAE, nº 18 (4). Rio de Janeiro, out./dez.
1978, p. 13.
8. Note que
o sistema oferecia ao capitalista vantagens que o sistema fabril eliminaria: o fraco vínculo estabelecido entre ele e o produtor
possibilitava que os serviços do último fossem dispensados em períodos
recessivos e recontratados em épocas de crescimento da demanda, dando grande flexibilidade ao empregador.
Fonte: Introdução ao estudo da administração
Professora: Aline
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