28 de fev. de 2013

1.1. As origens da Revolução Industrial Inglesa


Disciplina: Teoria Geral da administração I
Turma:  ADM 2013 FAMA
 
1.1. As origens da Revolução Industrial Inglesa


          Em 1688, completava-se a Revolução Gloriosa na Grã-Bretanha. Depois de 48 conturbados anos de lutas políticas, era derrubado definitivamente o Absolu­ tismo inglês e instituído o parlamentarismo monárquico, que ainda hoje carac­ teríza o sistema políti co do Reino Unido.
'   O rei Guilherme de Orange assumia o trono com poder incomparavelmente menor ao de seus antecessores. Em 1689era aprovada a Declaração dos Direitos, que conferia amplos poderes ao Parlamento: entre outras conquistas, este passa­ va a contar com eleições regulares e a votar o Orçamento Anual do país, sem que o monarca pudesse interferir em quaisquer de suas decisões.
A nova ordem política beneficiava enormemente a burguesia mercantil e a gentn; (nobreza progressista rural, que adotava formas mais modernas de traba­ lho agrícola, com produção destinada ao mercado, em oposição à nobreza feudal que ainda existia). A gentry encontrava-se livre para realizar cercamentos (trans­ formação de terras subocupadas, devolutas ou de pequenos proprietários que viviam em sistema de subsistência em propriedades cuja produção fosse capaz de atender ao consumo crescente) na área rural, fortalecendo-se como produto­ res agrícolas capitalistas.
 A burguesia mercantil, por sua vez, via-se livre de amarras como os mono­ pólios reais sobre o comércio exterior e produtos como sal, sabão e cerveja, beneficiando-se enormemente da expansão marítima inglesa. A maior parte dos capitais que financiavam a burguesia inglesa era proveniente do exterior, espe­ cialmente do tráfico de escravos (levado a cabo pelo governo inglês) e do comércio colonial (realizado com colônias como  o Brasil tanto quanto com metrópoles colonizadoras como Portugal). Estima-se que cerca de 50% do ouro extraído em Minas Gerais no século XVIII acabou indo parar nos cofres do Banco da lnglaterra.2
Boa parte deste capital foi investido em obras de infra-estrutura (estradas, canais etc.), que ajudaram a dinamizar a economia interna, diminuindo os custos de transação das mercadorias. Além disso, a grande disponibilidade de capital garantia baixas taxas de juros, que se traduziam em investimentos por parte dos empresários. À época, aventurar-se na constituição de um estabelecimento pro­ dutivo era tarefa que demandava pequeno investimento inicial, que podia ser rapidamente coberto pelos lucros.
Além de não padecer de escassez de capitais, a Inglaterra possuía diversas
outras condições favoráveis à industrialização. Os grupos sociais ligados às atividades herdadas do período feudal eram politicamente fracos, e a mudança na estrutura agrária liberara um grande contingente de mão-de-obra para as manufaturas. Neste contexto, a expansão dos mercados interno e externo, cap taneada em grande medida pelo governo do país, foi capaz de engendrar o processo de industrialização e desenvolvimento tecnológico.
O governo inglês atuou diretamente no processo, especialmente por meio da força. A conquista de mercados coloniais e a eliminação das concorrências locais destas  regiões, pela guerra e por processos de colonização, permitiram que a industrialização inglesa assumisse um ritmo acelerado: entre 1700 e 1750, as atividades de exportação aumentaram 76%.3 Foi efetivamente o mercado externo o fator mais revolucionário no processo de industrialização, e a atuação da Inglaterra nesse campo foi conduzida de forma agressiva e persistente pelo seu governo . Os aumentos extraordinários da demanda externa incentivavam os empresários a modernizar suas técnicas e aumentar a eficiência dos processos de que se utilizavam.
Por sua vez, o mercado interno também contribuiu para o processo,garan­ tindo escoamento da produção quando as exportações eram abaladas e atuando como força generalizadra da industrialização. Dessa forma, a modernização das técnicas produtivas não se restringiu a algumas poucas cidades, mas rapidamente se alastrou pelo pais. Como relata Eric Hobsbawm: "O mercado interno pode não ter proporcionado a centelha, mas supriu a fogueira de combustível e de ventilação suficientes para que ela continuasse ardendo" .4
A Revolução Industrial, na qual a Inglaterra foi pioneira, traria mudanças radicais à sociedade. Para entendermos de que forma nossas organizações fun­ cionam hoje, precisamos remontar a esse período histórico, reconstituindo o impac­ to das mudanças ocorridas no fim do século XVlll e começo do século XIX.

1.     ARRUDA, josé Jobson de A. História Moderna e Co11temporá11ea. São Paulo: Á tica, 1990,p. 108.
2.     HOBSBAWM, Eric.Da Revolução llld11strial Inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro: ForenseU niversitária , 1978, p. 45.

Fonte: Introdução ao estudo da administração
Professora: Aline

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, é bom ter voce por aqui, comenta aí. Prometo que respondo o mais breve possível.