Disciplina: Teoria Geral da administração I
Turma: ADM 2013 FAMA
1.1. As origens da Revolução Industrial Inglesa
Em 1688, completava-se a Revolução Gloriosa na Grã-Bretanha. Depois de 48 conturbados anos de lutas políticas, era derrubado definitivamente
o Absolu tismo inglês e instituído o parlamentarismo
monárquico, que ainda hoje carac teríza o sistema políti
co do Reino Unido.
' O rei Guilherme
de Orange assumia
o trono com poder incomparavelmente menor ao de seus
antecessores. Em 1689era aprovada a Declaração dos Direitos, que conferia amplos
poderes ao Parlamento: entre outras conquistas,
este passa va a contar com eleições regulares
e a votar o Orçamento Anual
do país, sem que o monarca
pudesse interferir em quaisquer de suas decisões.
A
nova
ordem política beneficiava enormemente a burguesia mercantil e a gentn; (nobreza progressista rural, que adotava formas mais modernas
de
traba lho agrícola, com produção
destinada ao mercado, em oposição
à nobreza feudal que ainda existia). A gentry encontrava-se livre para realizar cercamentos (trans formação
de terras subocupadas, devolutas ou de pequenos proprietários que viviam em sistema
de subsistência em propriedades cuja produção fosse capaz de atender ao consumo crescente) na área rural, fortalecendo-se como produto res agrícolas capitalistas.
A burguesia mercantil, por sua vez, via-se livre de amarras como os mono pólios reais sobre o comércio exterior e produtos como sal, sabão e cerveja,
beneficiando-se enormemente da expansão marítima inglesa.
A maior parte dos capitais que financiavam a burguesia inglesa era proveniente do exterior, espe cialmente do tráfico de escravos (levado a cabo pelo governo
inglês) e do comércio colonial (realizado com colônias como o Brasil tanto quanto com metrópoles colonizadoras como Portugal). Estima-se que cerca de 50% do ouro extraído em Minas Gerais no século XVIII acabou indo parar nos cofres do Banco da lnglaterra.2
Boa parte deste capital foi investido em obras de infra-estrutura (estradas, canais etc.), que ajudaram a dinamizar a economia interna, diminuindo os custos
de transação das mercadorias. Além disso, a grande disponibilidade de capital garantia baixas taxas de juros, que se traduziam em investimentos por parte dos empresários. À época, aventurar-se na constituição de um estabelecimento pro dutivo era tarefa que demandava
pequeno investimento inicial, que podia ser rapidamente coberto pelos lucros.
Além de não padecer de escassez de capitais, a Inglaterra possuía diversas
outras condições favoráveis à industrialização. Os grupos sociais ligados às atividades herdadas do período feudal
eram politicamente fracos, e a mudança na estrutura agrária liberara um grande contingente de mão-de-obra para as manufaturas. Neste contexto, a expansão dos mercados interno e externo, capi taneada em grande medida pelo governo do país, foi capaz de engendrar o processo de industrialização e desenvolvimento tecnológico.
O governo inglês atuou diretamente
no processo, especialmente por meio da força. A conquista de mercados coloniais e a eliminação das concorrências locais destas regiões, pela guerra e por processos de colonização, permitiram que a industrialização inglesa assumisse um ritmo acelerado: entre 1700 e 1750, as atividades de exportação aumentaram 76%.3 Foi efetivamente o mercado externo o fator mais revolucionário no processo de industrialização,
e a atuação da Inglaterra nesse campo foi conduzida de forma agressiva e persistente pelo seu governo . Os aumentos extraordinários da demanda externa incentivavam os empresários a modernizar suas técnicas e aumentar a eficiência dos processos de que se utilizavam.
Por sua vez, o mercado interno também contribuiu para o processo,garan tindo escoamento da produção quando as exportações eram abaladas e atuando como força generalizadra da industrialização. Dessa forma, a modernização
das técnicas produtivas não se restringiu a algumas poucas cidades, mas rapidamente se alastrou pelo pais. Como relata Eric Hobsbawm:
"O mercado interno pode não ter proporcionado a centelha, mas supriu a fogueira
de combustível e de ventilação suficientes para que ela continuasse ardendo"
.4
A Revolução Industrial,
na qual a Inglaterra foi pioneira, traria mudanças radicais à sociedade. Para entendermos
de que forma nossas organizações fun cionam hoje, precisamos remontar a esse período
histórico, reconstituindo o impac to das mudanças ocorridas no fim do século XVlll
e começo do século XIX.
1.
ARRUDA, josé Jobson de A. História Moderna e Co11temporá11ea. São Paulo: Á tica, 1990,p. 108.
2.
HOBSBAWM,
Eric.Da Revolução llld11strial Inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro: ForenseU niversitária , 1978,
p. 45.
Fonte: Introdução ao estudo da administração
Professora: Aline
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